"Esse trabalho está sendo legal pois estou podendo divulgar que existem formas de fazer, quando se quer fazer. E a visibilidade. Não tanto do meu trabalho, mas deles. Eles fazem parte da sociedade", conta Kátia, instigada a buscar a solução com base no afilhado, Guilherme Finotti, que tem paralisia cerebral.
A orientadora do trabalho, a professora da Feevale e do PPG sobre Diversidade Cultural e Inclusão Social, Regina Heidrich, elogiou a metodologia da ex-aluna. "Para desenvolver uma modelagem de vestuário, que seja capaz de suprir as necessidades apresentadas por pessoas com PC, é importante estabelecer um certo envolvimento com o público-alvo, objetivando saber mais de suas atividades no dia a dia, das dificuldades que encontram e também suas opiniões, visto que vivenciam experiências diferentes de uma pessoa andante", ressalta.
Estudante da Escola Wolfram Metzler, Andrey Arthur Barbosa Bueno, 18, futuro rapper da Santo Afonso, comemora as possibilidades trazidas pelo projeto. Apesar de ser adepto de um estilo urbano, o traje formal foi recebido de maneira positiva. "São mais práticas pra eu colocar. Eu sempre tive essa autoestima lá em cima. Sempre gostei de me vestir bem, me arrumar. A minha deficiência não me abalou", conta o estiloso aluno do 3º ano do Ensino Médio. A auxiliar de limpeza, Janaína Silva Barbosa, 37, mãe de Andrey, valoriza a iniciativa. "A gente sempre se virou sozinhos, mas realmente as roupas ficaram melhor pra vestir", elogiou.
A hamburguense Kátia voltou a estudar em 2014. Depois de 23 anos distante da sala de aula, realizou a prova do Enem e testou os conhecimentos. "Tive uma boa média e consegui bolsa integral. Sempre gostei de costurar, trabalhei por 10 anos em uma camisaria aqui da cidade, mas, depois que ela fechou, parti para trabalhos administrativos", conta. Com a possibilidade de estudar sem ter que arcar com os custos mensais, Kátia enxergou no projeto com o foco social uma forma de retribuir o benefício recebido.
Esta é a segunda vez que Kátia é indicada para o prêmio Brasil Sul. Em 2018, também fora lembrada pelo projeto inovador. Por questões financeiras, entretanto, acabou não participando presencialmente. O mesmo, no entanto, não se aplicou ao concurso de proposta semelhante estabelecido pela Ulbra. Na universidade de Canoas, acabou sendo premiada na segunda colocação e teve o impulso para manter os estudos na busca de soluções para pessoas com paralisia cerebral.